Olá, muriaenses!
No meu primeiro artigo do Muriaé na Web, após a reformulação do site, quero falar sobre algo muito importante para quem endometriose: o impacto da doença na vida de uma mulher. Como o meu trabalho de jornalista consiste sempre em muita pesquisa, seja em campo, ou na internet, escrevo sobre o primeiro estudo mundial que comprova as consequências da doença, realizado pela World Endometriosis Research Foundation (WERF), em 2011. Infelizmente, só quem porta a doença é que sabe seus danos reais. Tida como uma doença benigna, mas de comportamento maligno, que vai comendo os órgãos onde seus focos são implantados, muitas pessoas não dão importância a ela, até mesmo algumas portadoras, só pelo simples fato de ela não tirar a vida da mulher.
Ao começar a ler o artigo, a frase do dr. e professor Stephen Kennedy, um dos co-autores do estudo e membro da WERF, me chamou atenção. “Endometriose afeta mulheres durante os principais anos de suas vidas, um momento em que elas deveriam estar terminando seus estudos, iniciando ou mantendo suas carreiras, construindo relacionamentos e, talvez, começando a formar uma família. Para essas mulheres ter sua produtividade afetada, sua qualidade de vida comprometida e suas chances de começar uma família reduzida, é algo que a sociedade não pode mais ignorar. É tempo de ver o investimento sério na prevenção desta doença debilitante da próxima geração de mulheres", disse o professor Kennedy. Eu só corrigiria para o fato de que a endo já debilita a vida de suas portadoras. E isso independente da geração. Infelizmente, a endo não é algo que só irá impactar nas próximas gerações. Mas podemos salvar vidas, para que as nossas próximas gerações, não sofram como nós sofremos. A endo causa muito transtorno e muitas dores nesta, já causou em gerações passadas, e deve gerar ainda mais sofrimento a muitas mulheres.
De acordo com a ONU (Organizações das Nações Unidas), a endometriose afeta 176 milhões de mulheres no mundo todo, ou seja, quase a população total do Brasil, que, segundo o Censo 2010, é de quase 191 milhões de pessoas. Ao fazer essa comparação, esse número é realmente assustador. Já imaginou todo o Brasil doente? O Estudo Global de Saúde da Mulher (GSWH) reuniu 1418 mulheres entre 18 e 45 anos, de 16 centros em 10 países nos cinco continentes. Foram recrutadas apenas mulheres que tiveram sua endometriose detectada após a cirurgia de laparoscopia, a dita como “cirurgia de cesárea”. Aquelas que já tinham o diagnóstico antes da cirurgia foram excluídas da pesquisa. Foram respondidas 67 perguntas relacionadas aos sintomas e o impacto que essas mulheres tiveram em suas vidas, comparando o impacto desses sintomas em mulheres com e sem diagnóstico de endometriose.
O coordenador do estudo, dr. Kelechi Nnoaham, afirmou que essa amostra é para destacar a situação de 176 milhões de mulheres que têm suas vidas afetadas pela endometriose. "Nossa pesquisa é o primeiro estudo prospectivo a ser realizado no domínio da endometriose para avaliar o impacto da doença", disse o investigador principal, dr. Krina Zondervan, epidemiologista e cientista sênior do Centro Wellcome Trust de Genética Humana. Agora, o próximo passo desses pesquisadores é tentar explicar por que a endometriose afeta mulheres distintas e de formas diferentes. Essas duas frentes fazem com que a endo, ainda seja chamada de a doença enigmática. Até então, eu nunca ouvira falar de outra doença que recebera o nome de enigmática. Abaixo, as principais conclusões sobre o estudo:
• Mulheres com endometriose tiveram um atraso médio de sete anos do início dos sintomas até que foram finalmente diagnosticados e tratados;
• Dois terços das mulheres procuraram ajuda médica para seus sintomas antes dos 30 anos (um quinto com idade inferior a 19);
• 65% das mulheres com endometriose apresentou dor, e um terço destas mulheres também eram inférteis;
• Infertilidade sozinha, sem dor, foi relatada em 14% das mulheres com endometriose, e 29% daquelas que não têm endometriose;
• A gravidade da endometriose não reflete a gravidade dos sintomas de uma mulher;
• Mulheres com endometriose sofrem uma perda 38% maior da produtividade do trabalho do que aquelas sem endometriose - esta diferença foi explicada, principalmente, por uma maior gravidade dos sintomas de dor entre mulheres com endometriose;
• Reduzida eficácia em contas de trabalho para mais perda de produtividade do trabalho do que tempo perdido de trabalho;
• O tido como não-trabalho, ou seja, outras atividades, tais como, tarefas domésticas, fazer exercícios, estudar, fazer compras, entre outras, também foram significativamente prejudicada pelos sintomas dolorosos da endometriose;
• Os sintomas dolorosos da endometriose reduzem a qualidade de vida da mulher. Esse impacto é principalmente físico, em vez de saúde mental.
Com o diagnóstico tardio, os sintomas se tornam ainda mais graves, e, consequentemente, a qualidade de vida de uma endomulher é ainda mais reduzida. Por isso, quanto mais rápido a mulher descobrir que tem endometriose e começar seu tratamento, mais qualidade de vida essa mulher terá. No Brasil, os médicos-pesquisadores do ambulatório de algia pélvica e endometriose da Unifesp realizaram quatro estudos causados pelos efeitos do diagnóstico tardio de endometriose nas mulheres, apresentados no último Congresso mundial, na França, em 2011, e que tema da matéria do “Jornal da Tarde”, a qual fui personagem, no último sábado dia 25. Portanto, mulheres, prestem atenção em seu corpo. Cólicas menstruais muito fortes, aquelas que não melhoram com um analgésico, antes, durante e após a menstruação, dores durante as relações sexuais, alterações intestinais e urinárias durante o período menstrual e dificuldade para engravidar procure seu ginecologista. Espero que curtam! Ah, eu não ando muito bem, estou com muitas dores, em especial, na lombar, onde dói muito 24 horas por dia. Por isso tenho me dedicado menos ao blog, Agradeço a atenção e a compreensão de todos. Beijos com carinho!!