segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Como são as fezes de uma portadora de endometriose?

Olá, muriaeenses!

No meu artigo de novembro, vou falar sobre algo que é muito comum, e fundamental para o bom funcionamento do nosso corpo: evacuar. A endometriose traz muitas consequências desagradáveis à mulher, não é só ter dores na pelve, no abdômen e durante as relações sexuais. Esses são os principais sintomas, mas a endo mexe com todo nosso corpo. Quando leio em sites a expressão: “... dificuldades e dores ao evacuar, ao urinar, que podem ser ou não com sangue...”. . Penso eu: “como os repórteres escrevem isso, mas até hoje, não vi nenhum perguntar: ‘como são essas dificuldades, o que vocês sentem de verdade? ’”. O que me chama atenção na profissão de repórter, e o que me faz ainda mais querer ser repórter, é a curiosidade sobre determinado assunto. Desvendar e mostrar ao leitor aquela curiosidade que ambos têm. Como jornalista, repórter e portadora de endometriose, eu falo e desvendo o que, até então, ninguém perguntou: Como são as fezes, quais são as tais dificuldades que todo mundo fala, mas ninguém ousou em perguntar? O que deveria ser algo muito simples, para nós, portadoras de endometriose, é uma tortura diária. Primeiro, porque não são todos os dias que conseguimos evacuar, e segundo, tanto o formato e odor das nossas fezes, são bem diferentes de uma mulher que não tem a doença. O pior tudo sem a explicação da medicina. Sim, a endo pode ser a doença mais enigmática que surgiu até hoje. 

No primeiro dia de fisioterapia na UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), logo após a avaliação, deram-me um questionário para eu preencher e, para minha surpresa, adivinha qual era o tema: fezes. No começo até achei esquisito, mas logo depois, a Ana Paula veio me explicar. Participei de uma pesquisa que a UNIFESP- EPM estava fazendo sobre como são as fezes de uma portadora de endometriose. E olha que é tudo é diferente! A começar pelo cheiro. Eu sei que nenhum cocô é cheiroso, mas as nossas fezes são muito mais fétidas, do que as de uma pessoa sem a doença. Até aí, tudo bem, todo cocô fede mesmo! Mas o nosso problema quando falam sobre a tal dificudade, eu digo, e coloca dificuldade nisso, viu. Ficamos horas e horas no banheiro para não fazer quase nada. A dificuldade que todo mundo fala, na real, é que não conseguimos fazer mesmo. Aí, sai só um pouquinho. O pior é que não acreditamos nisso. É uma grande decepção. Mas o pior vem depois de tanto esforço, parece que fica tudo entalado dentro da gente e a sensação é horrível, muito horrível! Só sentindo mesmo. Parece que está tudo ali querendo sair, mas não sai. Elas podem vir acompanhadas de sangue, e também pode arder um pouquinho. É obrigatório ir em um coloproctologista para ver se está com ok. Agora, o pior mesmo é quando estamos em algum lugar, que não dá para fazer, e dá aquela vontade, que não dá para segurar. Você precisa dar um jeito de ir a qualquer lugar. Nesse caso, é a diarréia que vem acompanhada com uma dor na barriga. 

Outro fator que chama a atenção é quanto ao formato das fezes. Sim, quando lemos algo sobre isso, nunca ninguém falou sobre a forma delas. Elas são desformes, pode sair como bolinhas, ou uma tripinha. Raros sãos os momentos que uma portadora de endo vai evacuar, e sai satisfeita. Isso acontecia também em nosso período menstrual, mas como parecia ser ‘efeito ou sintomas’ daqueles dias, nos parecia normal. Portanto, informar é preciso. Algumas mulheres podem ter dor, mas outras apresentam o que chamam de ‘desconforto intestinal’. Beijos com carinho e até dezembro!!!