segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Como são as fezes de uma portadora de endometriose?

Olá, muriaeenses!

No meu artigo de novembro, vou falar sobre algo que é muito comum, e fundamental para o bom funcionamento do nosso corpo: evacuar. A endometriose traz muitas consequências desagradáveis à mulher, não é só ter dores na pelve, no abdômen e durante as relações sexuais. Esses são os principais sintomas, mas a endo mexe com todo nosso corpo. Quando leio em sites a expressão: “... dificuldades e dores ao evacuar, ao urinar, que podem ser ou não com sangue...”. . Penso eu: “como os repórteres escrevem isso, mas até hoje, não vi nenhum perguntar: ‘como são essas dificuldades, o que vocês sentem de verdade? ’”. O que me chama atenção na profissão de repórter, e o que me faz ainda mais querer ser repórter, é a curiosidade sobre determinado assunto. Desvendar e mostrar ao leitor aquela curiosidade que ambos têm. Como jornalista, repórter e portadora de endometriose, eu falo e desvendo o que, até então, ninguém perguntou: Como são as fezes, quais são as tais dificuldades que todo mundo fala, mas ninguém ousou em perguntar? O que deveria ser algo muito simples, para nós, portadoras de endometriose, é uma tortura diária. Primeiro, porque não são todos os dias que conseguimos evacuar, e segundo, tanto o formato e odor das nossas fezes, são bem diferentes de uma mulher que não tem a doença. O pior tudo sem a explicação da medicina. Sim, a endo pode ser a doença mais enigmática que surgiu até hoje. 

No primeiro dia de fisioterapia na UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), logo após a avaliação, deram-me um questionário para eu preencher e, para minha surpresa, adivinha qual era o tema: fezes. No começo até achei esquisito, mas logo depois, a Ana Paula veio me explicar. Participei de uma pesquisa que a UNIFESP- EPM estava fazendo sobre como são as fezes de uma portadora de endometriose. E olha que é tudo é diferente! A começar pelo cheiro. Eu sei que nenhum cocô é cheiroso, mas as nossas fezes são muito mais fétidas, do que as de uma pessoa sem a doença. Até aí, tudo bem, todo cocô fede mesmo! Mas o nosso problema quando falam sobre a tal dificudade, eu digo, e coloca dificuldade nisso, viu. Ficamos horas e horas no banheiro para não fazer quase nada. A dificuldade que todo mundo fala, na real, é que não conseguimos fazer mesmo. Aí, sai só um pouquinho. O pior é que não acreditamos nisso. É uma grande decepção. Mas o pior vem depois de tanto esforço, parece que fica tudo entalado dentro da gente e a sensação é horrível, muito horrível! Só sentindo mesmo. Parece que está tudo ali querendo sair, mas não sai. Elas podem vir acompanhadas de sangue, e também pode arder um pouquinho. É obrigatório ir em um coloproctologista para ver se está com ok. Agora, o pior mesmo é quando estamos em algum lugar, que não dá para fazer, e dá aquela vontade, que não dá para segurar. Você precisa dar um jeito de ir a qualquer lugar. Nesse caso, é a diarréia que vem acompanhada com uma dor na barriga. 

Outro fator que chama a atenção é quanto ao formato das fezes. Sim, quando lemos algo sobre isso, nunca ninguém falou sobre a forma delas. Elas são desformes, pode sair como bolinhas, ou uma tripinha. Raros sãos os momentos que uma portadora de endo vai evacuar, e sai satisfeita. Isso acontecia também em nosso período menstrual, mas como parecia ser ‘efeito ou sintomas’ daqueles dias, nos parecia normal. Portanto, informar é preciso. Algumas mulheres podem ter dor, mas outras apresentam o que chamam de ‘desconforto intestinal’. Beijos com carinho e até dezembro!!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pelve congelada, o que é isso?

Olá, muriaenses!

Quando passei a conhecer um pouco mais sobre a endometriose, muitas palavras, até então, desconhecidas foram agregadas em meu vocabulário. Um termo muito comum que escutamos entre as portadoras é a tal da “pelve congelada.” Confesso que eu também fiquei surpresa quando ouvi, pela primeira vez, esta palavra. A pelve congelada nada mais é do que as aderências entre os órgãos. Aderência? Outra esquisita, não?! Podemos relacionar a aderência como se fosse um chiclete grudado em nosso cabelo, que só sai ao cortar. Antes da minha cirurgia, a minha pelve estava congelada. O termo congelado é usado para designar que os órgãos abdominais (útero, ovários, trompas, intestino, etc) estão todos grudados, colados uns aos outros por uma membrana, o famoso “unidos venceremos”. Quem nunca ouviu esta expressão? As aderências são faixas anormais de tecidos cicatriciais que se formam na pelve. 

Com a pelve congelada, em muitos casos, não dá nem para saber onde começa e onde termina as aderências. O grude dos órgãos não tem tempo certo para acontecer. Depende do grau e dos focos. O certo mesmo é ter todos os órgãos da pelve soltos para que eles deslizem uns sobre os outros. Ter uma pelve congelada é muito perigoso. Durante a ovulação, por exemplo, que, teoricamente, deveria acontecer todos os meses, os ovários não estão livres para realizarem a movimentação necessária para que ocorra a ovulação. A pelve congelada causa muita dor na mulher. Até mesmo para quem tem os focos inativos. Era o meu caso. Mesmo sem ter focos ativos, eu morria de dor, o que foi confirmado pelo Dr. Hélio após a cirurgia. 

Com a pelve congelada, quando há a aderência do intestino, o simples movimento fisiológico natural do órgão durante a progressão de gases e fezes torna-se extremamente doloroso. Imaginem morrer de dor em todas as evacuações, urinas e etc. E, como disse o Dr. Hélio, no meu caso, eu tinha dor simplesmente pelo fato de respirar. Pois, para respirar, é realizamos o movimento abdominal. As aderências dos órgãos também causam muita dor durante a relação sexual. O mal da pelve congelada só pode ser tratado com a cirurgia. Só eu sei o que passei até chegar a minha operação. Mas, para cortar o mal pela raiz mesmo, só a cirurgia por videolaparoscopia. O tecido cicatricial, que causa as aderências, pode ser formado também no processo de cicatrização da cirurgia aberta, ou seja, a laparotomia, o vulgo corte de cesárea. 

Na cirurgia a laser, o risco de voltar é muito pequeno, mas não impossível. Para quem sente muita dor após ter feito a cirurgia é preciso averiguar o que está acontecendo. No meu retorno pós-cirurgia, a primeira pergunta que fiz foi: qual a chance de as aderências voltarem? Ouvi que, pela a de vídeo (que eu fiz) é mais ou menos 5%, enquanto a aberta é quase 80%. Entenderam a diferença? Portanto, conversar com o seu médico e esclarecer todas as dúvidas é muito importante. Aos poucos vou explicando sobre todos os termos esquisitos, que, nós portadoras de endometriose, temos que nos acostumar. Beijos com carinho e até novembro!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Cólica muito forte não é normal!

Atenção, mulheres de Muriaé, a cólica menstrual muito forte pode ser um indício de endometriose!



Pois é, se eu soubesse disso, talvez, não teria passado tão mal nos últimos dez anos da minha vida. É por isso que vou falar sobre a cólica, um dos principais sintomas da endometriose, no meu quinto artigo no Muriaé na Web. Atire a primeira pedra, aquela mulher que nunca teve uma colicazinha se quer. Ok, ter cólica menstrual leve pode até ser normal, mas tudo depende da intensidade de como ela vem. 

O principal sintoma da endometriose é a cólica menstrual muito forte. Digo e repito: cólica menstrual muito forte. É considerada forte, as cólicas que não passam com apenas um analgésico. Pronto! Se você tomar um remédio e não melhorar em nada a sua dor, investiga. 

Eu sempre precisei tomar muitos, muitos remédios, entre eles, o Buscopan Composto, um dos mais fortes para combater a cólica. No começo, o Ponstan até resolvia, mas depois de alguns anos, só o Buscopan aliviava as minhas dores. No auge das minhas dores, eu tomava uns quatro de uma só vez. Na verdade, é preciso ouvir o nosso corpo. Qualquer dor é um sinal de que nosso organismo não está bem. Não adianta entupi-lo de remédios. Uma hora, a analgesia vai parar e a dor, com certeza vai voltar. 

Os meus períodos menstruais sempre foram um tormento em minha vida. Era dores e mais dores, inclusive fora do período menstrual. Outro ponto de quem pode ter endo: a cólica menstrual ela pode vir antes, durante ou após a menstruação.  Só eu sei o que passava. O pior é que eu achava normal e nunca nenhum médico achou estranho. Tinha um ginecologista que me acompanhava há 16 anos. O único que tive na vida. Já até passei com outros, mas só me sentia confortável com o Dr. Carlos. Aliás, foi ele quem começou o meu tratamento de endometriose, quando interrompi a minha menstruação e comecei a tomar anticoncepcional direto, sem intervalos. Não culpo o Dr. Carlos por nada. Ele era como um pai pra mim. Era muito carinhoso e atencioso. Hoje, sei que quem tinha de saber sobre isso era eu. O que passou, já passou. 

Agora, o mais grave foi quando eu fui com a minha ressonância magnética apontando a endo num médico (não era o Dr. Carlos), mas por eu sentir fortes cólicas antes e após a menstruação, o ignorante disse que eu não tinha endometriose. Ele falou: “Você tem dores durante ou fora do período menstrual?”. Respondi: “Nos dois, doutor.”. Em seguida, ele completou: “Então, se você tem dor fora da menstruação, esqueça. Você não tem endometriose. Tire isso da sua cabeça.”. Se você encontrar com um ginecologista igual a esse, saia correndo do consultório. 

Mas, como saber, se a cólica já é algo tão antigo. Se você for ao ginecologista, relatar suas cólicas e ele dizer: “Quando engravidar passa.”. Saia correndo deste médico! Na época de nossas avós, elas pensavam que era. Porém, mero engano. Se hoje, a cólica é a vilã da endometriose, isso significa que ela nunca foi a mocinha da história. Tem como uma vilã ser a mocinha da novela? Não. 

Porque ter cólicas era normal no tempo das nossas avós. Em pleno século XXI, não. Vamos dar um basta à ignorância humana. Não vamos ser marionetes nas mãos desses médicos. É por isso que venho alertar as mulheres de que a cólica menstrual não é tão normal quanto pensávamos. 

Se você tem muita cólica, principalmente, aquela que não melhora com apenas um analgésico, averigue. É melhor descobrir que não tem nada, do que ser surpreendida, cerca de sete a 10 anos depois (tempo médio para o diagnóstico de quem tem endo), que você pode ter a endo severa, com a possibilidade de perder parte ou a totalidade de algum órgão. Mas, atenção: você pode ter essas dores de ‘cólica’, antes, durante ou depois da menstruação.

Fique atenta, porque a cólica da endometriose surge também nos períodos fora da menstruação. A dispareunia, a dor na relação sexual, a meu ver, é uma das piores consequências da endo. É também um dos principais sintomas. Outra que chama a atenção é a alteração do nosso intestino, quando estamos menstruadas, mas isso é assunto para outro post. Mulheres fiquem atentas e prestem atenção no seu corpo!! Se o eu corpo gritar, procure um ginecologista especializado em endo. 

Beijos com carinho e até setembro!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Massagem uroginecológica, o único tratamento para a dispareunia



Olá muriaenses! 

No meu quarto artigo para o Muriaé na Web, vou explicar como é feita a massagem uroginecológica, o único tratamento que melhora a dispareunia. Quem já sentiu um ardor durante a relação sexual? Em especial, durante ou após a penetração? É claro que toda regra tem sua exceção, mas para quem tem esses sintomas, principalente, durante a relação sexual é melhor procurar um especialista. 

Na Unifesp – EPM (Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina), eu descobri que a dispareunia, a dor durante a relação sexual, é mais comum em nós, mulheres, do que a endometriose. Se hoje, a endometriose atinge cerca de 12 milhões de brasileiras, imagina o número das que sentem dor durante o sexo, que tem a dispareunia. E, digo: a dor é horrorosa! Muito, mas muito pior do que as dores causadas pela endometriose. 

Segundo especialistas é dor mais incapacitante que existe. O que fazer para a mulher voltar a ter relações sexuais numa boa? A fisioterapia uroginecológica. O que é isso? Eu também levei um susto quando ouvi qual seria o tratamento que eu teria que fazer. Quando você está com um torcicolo ou com uma tensão no ombro, por exemplo, o que você faz pra melhorar? Massagem, certo!? Então, como o ombro, a vagina também é formada por músculos. Portanto, a massagem uroginecológica nada mais é do que massagear toda a musculadora da vagina, ou seja, todo o assoalho pélvico utilizando os dedos. É isso mesmo, os nódulos de tensão que se formam dentro da vagina têm que ser dissolvidos com os dedos da fisioterapia. Por isso, ela tem o nome de uroginecológica. 

Para realizar a massagem, a mulher fica e posição ginecológica, como se estivesse em um ginecologista. Aí, com as pernas abertas, as fisios começam a massagear toda a muscularura da vagina. Carinhosamente, elas começam a dissolver nódulo por nódulo. Eu fiz questão de dizer ‘carinhosamente’, porque elas fazem com muito amor. Não é fácil ser paciente da massagem uroginecológica, mas também não é fácil fazê-la. O recomendado é no mínimo 10 sessões. Mas, eu estava tão debilitada que estou lá desde outubro de 2009. A minha situação era muito crítica. Não sei se tem outro caso lá igual ao meu. Não era raro, eu chorar durante as sessões. Era muita dor que eu sentia. Mas, as minhas lágrimas, também eram de alívio e por imaginar o quanto nós, seres humanos, não valemos nada. Outro motivo que me fazia chorar é ver o carinho que essas meninas (esse era o apelido carinhoso que as chamavam) tinham por suas pacientes. Eu imaginava? E, se não existisse essa especialidade na fisioterapia? Ah, mas graças a Deus existe! 

Religiosamente, toda quarta-feira, às 15hs, o meu horário, lá estava eu, na Unifesp. Perdi muitos e muitos trabalhos por conta da fisio, pois, como é do SUS (Sistema Único de Saúde) é difícil trocar o horário. Toda semana, os nódulos de tensão estavam lá. Ardia muito.  Eles eram desfeitos numa semana, na outra, lá estavam ele de novo. Um saco! Infelizmente, nenhum convênio médico cobre a fisio uroginecológica. É muito político roubando e que não estão nem aí com a saúde dos brasileiros. Eu falo isso, porque graças à empresa da minha mãe, eu tenho um bom convênio. Mas nenhum plano cobre a tal fisio. É uma palhaçada isso. No começo, eu não me conformava. Ainda mais eu, que precisava trabalhar.  

A massagem uroginecológica, eu fiz até fevereiro de 2011. Depois, como eu não estava tendo relações, elas começaram a dissolver os nódulos de tensão de todo o meu corpo, músculo por músculo. Nossa, uma loucura! Ainda não sei se estou completamente recuperada, mas guardo todas as fisioterapeutas com muito carinho. Passei por umas cinco, sem contar as coordenadoras, que me tratavam nos períodos das férias. 

Se alguém sente esses sintomas: dor durante ou após a peneração e ardor, é preciso procurar urgentemente um tratamento. Na Unifesp, o carinho é tão grande que não parece que é SUS, é como se fosse uma consulta particular. No próximo artigo, eu vou falar mais sobre a dispareunia e o tratamento. Como eu comecei a trabalhar, graças a Deus, eu estou mais ausente tanto do blog, quanto do site. Só para vocês entenderem o quanto esse trabalho é importante, pois, fiquei quase dois anos sem um só vivendo em função da endo, da dispareunia, da fisio, eu parei até a minha fisioterapia na Unifesp. Estou esperando vagar um horário mais cedo, pois, não posso perder a oportunidade de ótimo trabalho. 

Beijos com carinho!

sábado, 25 de junho de 2011

Dispareunia, você sabe o que é isso?

No meu terceiro artigo para o site, eu vou falar sobre a dispareunia. Noooossa, o que significa isso? Eu também estranhei a primeira vez que ouvi essa palavra no ambulatório de algia pélvica e endometriose da UNIFESP-EPM (Universidade Federal de São Paulo ? Escola Paulista de Medicina). Por isso, eu digo: é muito importante as portadoras fazerem tratamento com um ginecologista especializado na doença. Eu já sabia que tinha endometriose há pelo menos oito meses e já estava em tratamento quando ouvi a seguinte pergunta de um ginecologista da UNIFESP: Você tem dor durante as relações sexuais?.

Confesso que achei um pouco estranha, mas a minha resposta foi automática: sim e muita, aliás, quer dizer, faz um tempo que não tenho relações, porque não tenho vontade de transar. A dispareunia nada mais é do que sentir dor durante as relações sexuais. E digo: dói, dói, dói muito. É impossível ter ou continuar a relação por conta da incapacitante dor. Além de muito intensa, é uma dor ardida, como se você tivesse uma ferida enorme em carne viva e jogasse a mistura de sal e limão. Mas ai você multiplica a dor dez mil vezes maior. Imediatamente, o Dr. Rodrigo me encaminhou a fisioterapia para que as profissionais avaliassem o meu assoalho pélvico. Nooossa, outra palavra esquisita. Aí, eu perguntei: O que é isso doutor, assoalho pélvico. O assoalho pélvico é toda a musculatura da vagina. A endometriose além das dores pélvicas causa também a dispareunia, ou seja, a dor durante as relações sexuais, porque a doença enrijece os músculos, disse o médico.

Até então, eu não imaginava o quanto a doença é perigosa. E nunca havia ligado os fatos: a dor e a não vontade de transar com a endo. Na semana seguinte, lá fui eu toda feliz para a avaliação com a fisioterapeuta. Na verdade, eu ainda não sabia o quão grave e perigosa é a endo. Fui atentida pela Dra. Thais. Eu ainda tímida, não sabia o que me esperava. Muito simpática, a Dra, explicou como seria a avalição. Com o meu dedo, eu vou avaliar toda a musculatura da sua vagina para ver se há algum tensão, explicou. Quando Thais encostou o seu dedo logo no começo da minha vagina, no intróito, eu quase morri de tanta dor. Eu não sabia se eu gritava, ou se eu chorava. Foi horrível.

Diagnóstico: dispareunia de profundidade, ou seja, a mais avançada das dispareunias. Nesse estágio, a musculatura de toda a vagina foi afetada pelas tensões. A partir daí, começou o capítulo mais dolorido da minha vida e a minha luta em difundir a dispareunia e a endometriose. Thais marcou dez sessões de fisio uroginecológica. Como sexo sempre foi um tabu em nossa sociedade, o preconceito quanto à fisioterapia vem da própria portadora. Quando eu falo sobre a doença às pessoas, a maioria não conhece e, quando sabem do que se trata, acham que a infertilidade é a pior consequência da endo.

A meu ver, a dispareunia é sem dúvida, a pior dor e uma das piores consequências da endometriose. É aquilo que sempre falei: Como a mulher pode pensar em ter filhos, se ela não consegue transar e, pior ainda, se ela não consegue ter prazer no sexo?.

Esse artigo não é somente para as portadoras de endometriose, mas, principalmente, aos seus parceiros. Muitos não entendem suas mulheres e acabam forçando-as a fazerem sexo. Isso além de ser um estupro, piora ainda mais a situação da portadora. Na UNIFESP, eu ouvi muitas histórias tristes, desde o marido que forçou a mulher ao sexo, até aquele que levou a amante para casa, só para mostrar a mulher o que é e como se faz sexo. O importante é ter um parceiro compreensivo. Eu, graças a Deus, tenho um meu namorado maravilhoso e que nunca me cobrou nada. Nem mesmo antes de saber que eu estava doente. Sei que existem muitos outros como ele. No próximo artigo, eu vou explicar como é a fisioterapia uroginecológica ...

Um pouco mais sobre a doença

Olá muriaenses!!

No meu artigo de estreia no Muriaé na Web (leia aqui), eu contei como recebi o convite para escrever no site. Agora, nesse meu segundo, vou explicar um pouco mais sobre a doença. Mas, afinal, o que é a endometriose? Como ela acontece? Eu disse apenas que a endo se dá a partir da menstruação. Mas como isso ocorre?


A endometriose é a presença do tecido chamado endométrio fora do seu habitat natural, o útero. O endométrio reveste o útero, e é o responsável por prepará-lo para receber o embrião. Quando não há a fecundação, o tecido endometrial se descama e é expelido na próxima menstruação. A cada ciclo menstrual essa rotina se repete. Porém, em alguns casos, ao invés de o endométrio descer pelas tubas uterinas até chegar à vagina, ele migra, por meio da corrente sanguínea, em sentido oposto, e se espalha em outros órgãos como ovários, intestinos, ligamentos pélvicos, como o úterossacro, bexiga, apêndice, vagina, mas pode ficar também no abdômen. Essa é a teoria da menstruação retrógrada. Quando isso ocorre, os focos de endo começam a se instalar em nossos órgãos. A endometriose pode se alojar, inclusive, dentro do músculo do útero. Nesse caso, o nome é adenomiose. Nos ovários, dá-se o nome de endometrioma. Em casos raros, ela pode ser encontrada em órgãos distantes como pulmão, pleura e sistema nervoso central.

A doença ainda não tem cura, mas pode ser muito bem controlada. O que os especialistas fazem, em primeiro lugar, é dar às portadoras, uma melhor qualidade de vida. O que tira essa ?qualidade? é a dor muito forte. Por conta das dores, muitas mulheres não saem mais de casa, não têm relação sexual com seus parceiros, não conseguem trabalhar. Ou seja, não tem vida social, afetiva e, muito menos, a profissional. A doença afeta também a vida familiar. Dependendo do caso, principalmente, em quem tem muita aderência pélvica (os órgãos colam uns aos outros), como eu tive, as dores são constantes e, muitas vezes, não conseguirmos explicar como é e, de onde vêm essas terríveis dores. Com isso, a família não acredita em nossas dores. Por isso, a endometriose é muito perigosa. Sem o apoio da família, do companheiro, dos amigos e, sem trabalho, a depressão é uma das consequências mais graves da doença. Mas, como a dispareunia, a depressão também merece um artigo especial aqui.

Outra coisa que quero corrigir é o número de portadoras. Em meu primeiro artigo, eu falei algo em torno de seis milhões de brasileiros, mas, pasmem, de acordo com o Censo 2010, esse número mais que dobrou. A população está mais feminina. Mais um motivo, pelo qual, a endometriose merece toda a devida atenção e tratamento adequado. Já somos 97.342.162 contra 93.390.532 homens. Então, cerca de 10 a 15 milhões de brasileiras têm endo. Eu também fiquei chocada! No mundo são mais 90 milhões. Muita gente, não! Pois é, mas pelo fato de nós, mulheres, adiarmos cada vez mais a maternidade, infelizmente, esse número só tende a aumentar. Por isso, além da importância de informar, o Brasil tem que ter uma nova atitude e traçar nova diretriz na chamada Saúde da Mulher.

Infelizmente, a endo não está na pauta da Saúde da Mulher para 2011. Em uma reunião realizada pelos ministros Alexandre Padilha, da Saúde, e Iriny Lopes, da secretaria de políticas para as mulheres, no dia 7 de fevereiro, no Ministério da Saúde, em Brasília, o tema abordado no capítulo III foi ?Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos?. Porém, as unicas doenças citadas foram câncer e a AIDS. Aí, eu pergunto: qual outra moléstia agrega em uma só, a saúde das mulheres, os direitos sexuais e os reprodutivos? A endometriose!

Mas o governo só tem políticas de resultado para doenças letais, como os cânceres e a AIDS. Muitas pessoas não levam a endometriose a sério, só porque ela não mata. Não mata ao pé da letra, mas mata toda a mulher que existe dentro de nós. Precisamos de mudanças sérias na pauta Saúde da Mulher, já em 2011. Não podemos deixar para discutir em 2012, que vai deixar para 2013, 2014 aí vai, do jeito que muitos políticos no Brasil gostam: sempre adiar, mas nunca resolver nada. Precisamos de políticas sérias, mas não só aquelas que ficam no papel ou no papo. Temos que ter um forte engajamento para disseminar informações sobre a doença em palestras, campanhas, mas também, temos que realizar ações de verdade, que estejam presentes no dia a dia das portadoras.

Só nós, portadoras, sabemos o nosso sofrimento e as nossas limitações. Afinal, na Europa, a endo já é considerada uma doença social desde 2004. Sabe por quê? Porque o governo gastava mais dinheiro tratando as portadoras, do que com as mulheres que tinham câncer de mama, um dos mais perigosos por ser um dos mais propensos a metástase. Em todo o mundo, a endo é a segunda maior causa de cirurgias. Só perde para a cesárea, acredita! Só que, no caso da endo, não tem como os médicos tentarem fazer o parto normal. Pense nisso! Passe a informação adiante e torne-se um cidadão consciente.

Beijos com carinho e até a próxima!

Muito prazer, eu tenho endometriose!

Olá, muriaeenses!!!

É com muito prazer e, até um pouco emocionada, que estreio a minha coluna mensal no Muriaé na Web. Quando a Ludmila enviou o convite por e-mail, fiquei extremamente feliz. Sou editora do blog A Endometriose e EU (clique para conhecer) e, foi lá, que Lud me achou. Nasci em Rio Verde, Goiás, mas desde 1994, moro na capital paulista. Em voga, por conta do personagem de Camila Pitanga, a Carol Miranda, em Insensato Coração, novela global das nove, a endometriose é uma doença que se dá por meio da menstruação. 

Hoje, ela atinge cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva, ou seja, mais de seis milhões de brasileiras. Na novela, a Carol ficou infértil por conta da doença. A infertilidade é uma das sequelas que a doença traz à mulher. Tida como a doença da mulher moderna, a endometriose ainda é desconhecida por boa parte dos ginecologistas e, também, das mulheres. Foi por isso que criei o blog, para alertar e informar, pois, quanto mais rápido for o diagnóstico, menos a mulher sofre. 

Infelizmente, ela ainda não tem cura. Pior do que não ter cura é ser portadora de uma doença crônica e progressiva. Aqui, contarei o meu longo caminho até a descoberta da doença e, também, o meu tratamento. A endometriose não é transmitida sexualmente, viu gente. Mas ela também tem outra consequência muito grave: a dispareunia. A dispareunia nada mais é do que a dor durante a relação sexual. Eu não fiquei infértil, mas tive a dispareunia, a meu ver, uma das piores consequências da doença. Aos poucos falerei tudo aqui, inclusive, o meu tratamento para melhorar essas dores.

Voltando à novela, muitas portadoras estão revoltadas pelo fato de Insensato Coração não mostrar a ?nossa realidade?. Digo realidade, porque até ter o diagnóstico, que demora em média de sete a dez anos, nós sofremos muito. São cólicas e mais cólicas que vão aumentando com o passar dos meses e dos anos. Por ela, as mulheres abandonam os seus trabalhos, a vida social e a sexual. Ou seja, praticamente vivemos em função da endo. É uma tortura diária. 

Na novela, a personagem trabalha, não tem dores e, digo, as dores são incapacitantes. Carol Miranda só tem o diagnóstico de que não pode ter filhos. Desde 2007, sou repórter de entreterimento, ou seja, de celebridades. Assim que soube, corri e enviei um e-mail ao Ricardo Linhares, autor junto com Gilberto Braga. Nele, contei um pouco da minha história, do tratamento e falei sobre a realidade da doença. Supersimpático, ele respondeu imediatamente e, ficou impressionado com tudo o que passei. E, olha, que a minha foi bem branda. De fato, ele não sabia de como a doença é cruel. Disse que se inspirou no caso de uma amiga dele, onde sua endometriose ?regrediu?, e ela conseguiu engravidar. Como a doença é progressiva, falei que é impossível essa regressão. Informei que a gravidez, é usada como um tipo de tratamento, o qual me foi oferecido, mas não como cura.

Porém, enquanto muitas portadoras se revoltam (o que não dá para contestar!), eu agradeci a ele e ao Gilberto por serem os primeiros autores a retratarem esse drama, que atinge mais de 85 milhões de mulheres no mundo todo, em um folhetim. Outras informações: http://aendometrioseeeu.blogspot.com/2011/02/endometriose-em-insensato-coracao.html