terça-feira, 22 de maio de 2012

Impacto da doença na vida da mulher


Olá, muriaenses!

No meu primeiro artigo do Muriaé na Web, após a reformulação do site, quero falar sobre algo muito importante para quem endometriose: o impacto da doença na vida de uma mulher. Como o meu trabalho de jornalista consiste sempre em muita pesquisa, seja em campo, ou na internet, escrevo sobre o primeiro estudo mundial que comprova as consequências da doença, realizado pela World Endometriosis Research Foundation (WERF), em 2011. Infelizmente, só quem porta a doença é que sabe seus danos reais. Tida como uma doença benigna, mas de comportamento maligno, que vai comendo os órgãos onde seus focos são implantados, muitas pessoas não dão importância a ela, até mesmo algumas portadoras, só pelo simples fato de ela não tirar a vida da mulher.

Ao começar a ler o artigo, a frase do dr. e professor Stephen Kennedy, um dos co-autores do estudo e membro da WERF, me chamou atenção. “Endometriose afeta mulheres durante os principais anos de suas vidas, um momento em que elas deveriam estar terminando seus estudos, iniciando ou mantendo suas carreiras, construindo relacionamentos e, talvez, começando a formar uma família. Para essas mulheres ter sua produtividade afetada, sua qualidade de vida comprometida e suas chances de começar uma família reduzida, é algo que a sociedade não pode mais ignorar. É tempo de ver o investimento sério na prevenção desta doença debilitante da próxima geração de mulheres", disse o professor Kennedy. Eu só corrigiria para o fato de que a endo já debilita a vida de suas portadoras. E isso independente da geração. Infelizmente, a endo não é algo que só irá impactar nas próximas gerações. Mas podemos salvar vidas, para que as nossas próximas gerações, não sofram como nós sofremos. A endo causa muito transtorno e muitas dores nesta, já causou em gerações passadas, e deve gerar ainda mais sofrimento a muitas mulheres.

De acordo com a ONU (Organizações das Nações Unidas), a endometriose afeta 176 milhões de mulheres no mundo todo, ou seja, quase a população total do Brasil, que, segundo o Censo 2010, é de quase 191 milhões de pessoas. Ao fazer essa comparação, esse número é realmente assustador. Já imaginou todo o Brasil doente? O Estudo Global de Saúde da Mulher (GSWH) reuniu 1418 mulheres entre 18 e 45 anos, de 16 centros em 10 países nos cinco continentes. Foram recrutadas apenas mulheres que tiveram sua endometriose detectada após a cirurgia de laparoscopia, a dita como “cirurgia de cesárea”. Aquelas que já tinham o diagnóstico antes da cirurgia foram excluídas da pesquisa. Foram respondidas 67 perguntas relacionadas aos sintomas e o impacto que essas mulheres tiveram em suas vidas, comparando o impacto desses sintomas em mulheres com e sem diagnóstico de endometriose. 

O coordenador do estudo, dr. Kelechi Nnoaham, afirmou que essa amostra é para destacar a situação de 176 milhões de mulheres que têm suas vidas afetadas pela endometriose. "Nossa pesquisa é o primeiro estudo prospectivo a ser realizado no domínio da endometriose para avaliar o impacto da doença", disse o investigador principal, dr. Krina Zondervan, epidemiologista e cientista sênior do Centro Wellcome Trust de Genética Humana. Agora, o próximo passo desses pesquisadores é tentar explicar por que a endometriose afeta mulheres distintas e de formas diferentes. Essas duas frentes fazem com que a endo, ainda seja chamada de a doença enigmática. Até então, eu nunca ouvira falar de outra doença que recebera o nome de enigmática. Abaixo, as principais conclusões sobre o estudo:

• Mulheres com endometriose tiveram um atraso médio de sete anos do início dos sintomas até que foram finalmente diagnosticados e tratados;
•  Dois terços das mulheres procuraram ajuda médica para seus sintomas antes dos 30 anos (um quinto com idade inferior a 19); 
•  65% das mulheres com endometriose apresentou dor, e um terço destas mulheres também eram inférteis;
•  Infertilidade sozinha, sem dor, foi relatada em 14% das mulheres com endometriose, e 29% daquelas que não têm endometriose;
•  A gravidade da endometriose não reflete a gravidade dos sintomas de uma mulher;
•  Mulheres com endometriose sofrem uma perda 38% maior da produtividade do trabalho do que aquelas sem endometriose - esta diferença foi explicada, principalmente, por uma maior gravidade dos sintomas de dor entre mulheres com endometriose;
•  Reduzida eficácia em contas de trabalho para mais perda de produtividade do trabalho do que tempo perdido de trabalho;
•  O tido como não-trabalho, ou seja, outras atividades, tais como, tarefas domésticas, fazer exercícios, estudar, fazer compras, entre outras, também foram significativamente prejudicada pelos sintomas dolorosos da endometriose;
•  Os sintomas dolorosos da endometriose reduzem a qualidade de vida da mulher. Esse impacto é principalmente físico, em vez de saúde mental. 

Com o diagnóstico tardio, os sintomas se tornam ainda mais graves, e, consequentemente, a qualidade de vida de uma endomulher é ainda mais reduzida. Por isso, quanto mais rápido a mulher descobrir que tem endometriose e começar seu tratamento, mais qualidade de vida essa mulher terá. No Brasil, os médicos-pesquisadores do ambulatório de algia pélvica e endometriose da Unifesp realizaram quatro estudos causados pelos efeitos do diagnóstico tardio de endometriose nas mulheres, apresentados no último Congresso mundial, na França, em 2011, e que tema da matéria do “Jornal da Tarde”, a qual fui personagem, no último sábado dia 25. Portanto, mulheres, prestem atenção em seu corpo. Cólicas menstruais muito fortes, aquelas que não melhoram com um analgésico, antes, durante e após a menstruação, dores durante as relações sexuais, alterações intestinais e urinárias durante o período menstrual e dificuldade para engravidar procure seu ginecologista. Espero que curtam! Ah, eu não ando muito bem, estou com muitas dores, em especial, na lombar, onde dói muito 24 horas por dia. Por isso tenho me dedicado menos ao blog, Agradeço a atenção e a compreensão de todos. Beijos com carinho!!


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Uma doença que enriquece os especialistas


Olá, muriaenses!!

No primeiro artigo de 2012, vou falar sobre sobre o custo de uma mulher portar endometriose. Ser portadora de uma doença enigmática, que muitas vezes é tida como incapacitante, num país subdesenvolvido, é receber a sentença de um sofrimento sem fim. Ter essa certeza e escrever sobre isso é uma grande decepção pra mim, que sou brasileira, e apesar de muitos acharem que eu não gosto do país, porque digo que quero muito viver num país onde os políticos são honestos, eu digo: gosto muito daqui, e se não fosse esses políticos corruptos, talvez não quisesse tanto ir embora. Não adianta sermos a sexta economia do mundo, passar o Reino Unido, se ainda não oferecemos saúde e educação aos quase 191 milhões de brasileiros. Isso é um absurdo e uma grande contradição! Só os bobos (para não dizer outra coisa) é que comemoram isso. 

Mais absurdo ainda é quando você porta uma doença que destrói toda a vida da mulher, seja no âmbito profissional, no pessoal ou no social, e que essa mulher, que paga seus impostos mensais em dia, é obrigada esperar um ano ou até mais por uma cirurgia na rede pública. Mais absurdo ainda é constatar que essa doença é tão desconhecida da classe médica quanto dos cidadãos. Isso me dá um grande pavor e uma profunda tristeza. No Brasil, muitos profissionais aproveitam que são especialistas renomados, que são conhecidos por especializações no exterior, por estarem na mídia ou por serem professores de grandes universidades e cobram fundos e mundos por consultas e cirurgias. Aproveitam que há poucos bons especialistas no país e o fato também de a doença ser extremamente grave para abusar dos preços de seus serviços. Agora, bons especialistas que atendem e operam por convênios são raros. Nossa quase não existe.  

Bom, resolvi escrever sobre esse assunto, que até já pincelei por aqui, porque recebo diariamente inúmeros e-mails contendo os mais absurdos preços por uma cirurgia feita por videolaparoscopia. Tenho em mãos preços que variam de 15 a 35 mil reais apenas pelo serviço de ginecologista especialista na doença. Isso sem contar hospital, anestesista, um gastro ou um procoto, que em muitas cirurgias, a chamada equipe multidisciplinar é fundamental para conter o avanço da endo. Se cada especialista cobrar isso, dependendo da quantidade de médicos, uma cirurgia pode sair por mais de 30 a 100 mil reais. 

Uma verdadeira fortuna para a maioria das mulheres que vive com um salário mínimo de 622 reais. Para quem tem a dispareunia, a fisio uroginecológica é outra despesa gigante Por se tratar de uma fisio muito específica, ela é muito cara. Além dos cursos de especializações serem muito caros, existe poucas pessoas interessadas nessa área. Razões pelas quais 30 minutos de sessão custam cerca de 250 reais. No meu caso, eu precisava de duas sessões por semana. Na semana seria 500 reais, num mês 2 mil reais. Um valor absurdo para quem não nasceu abastarda pelo dinheiro, ou para quem não pensa como os nossos políticos, que só roubam, roubam, roubam e quase nada fazem. Além dos especialistas, as medicações também são muito caras. Só o Zoladex, por exemplo, custa cerca de 2 mil reais. É a endometriose enriquecendo os especialistas e laboratórios. Claro, por aqui, sempre tem um espertinho que ganha com o sofrimento do outro. 

Aí, uma situação que eu fico ainda mais abismada é quando vejo portadoras, que deveriam ser contra tudo isso, indicando apenas médicos particulares. Muitas vezes não acredito que essa pessoa tem endometriose. Será que a doença não trouxe a ela problemas financeiros? Afinal, eu tive a minha vida devastada pela endo. É como se um tsunami tivesse passado por ela. Em março, irá fazer três anos que descobri ser portadora de endo, e ainda junto os cacos para tentar reconstruir a minha vida. Ainda hoje tenho reconstruí-la, e mesmo com as dívidas e o acordo com banco (até agora o meu único acerto), ainda falta um cartão e a minha prima, mas tudo que faço é com muita honestidade. Prefiro ficar como a babaca honesta, mas com a minha consciência paz. Em muitos momentos tenho muita raiva disso tudo, mas sei que um dia teremos que prestar contas de tudo o que fizemos por aqui. Se eu morasse num país desenvolvido, se a doença fosse reconhecida como social por aqui, como é na Europa, e se ganhássemos algo do governo, enquanto estivéssemos em tratamento, a minha vida não teria virado de pernas pro ar. É como se não existíssemos para o governo. Louco isso não?! No Brasil, pagamos impostos altíssimos até para respirar. Como eu digo, aqui só não pagamos impostos para sonhar, de resto pagamos tudo, mas o engraçado é que não existimos para os nossos governantes.

Temos que fazer alguma coisa. E urgente!! Não podemos ficar parada. Não aé justo sermos tratadas com tanto desprezo por parte de nossos governantes. Ainda mais num país que tem mais mulheres do que homens. Sim, no Brasil, a população está mais feminina. Já somos 97.342.162 contra 93.390.532 homens. Então, cerca de 10 a 15 milhões de brasileiras têm endo. No mundo, são mais de 120 milhões de portadoras. Muita gente, não! Pois é, mas pelo fato de nós, mulheres, adiarmos cada vez mais a maternidade, infelizmente, esse número só tende a aumentar. Por isso, além da importância de informar, o Brasil tem que ter uma nova atitude e traçar nova diretriz na chamada Saúde da Mulher. Se isso não acontecer, muitos especialistas continuarão fazendo fortuna à custa de uma doença que traz só sofrimento às mulheres.  Esse tema é um assunto e tanto para refletirmos, principalmente, num ano eleitoral como esse. Beijos com carinho!!



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Como são as fezes de uma portadora de endometriose?

Olá, muriaeenses!

No meu artigo de novembro, vou falar sobre algo que é muito comum, e fundamental para o bom funcionamento do nosso corpo: evacuar. A endometriose traz muitas consequências desagradáveis à mulher, não é só ter dores na pelve, no abdômen e durante as relações sexuais. Esses são os principais sintomas, mas a endo mexe com todo nosso corpo. Quando leio em sites a expressão: “... dificuldades e dores ao evacuar, ao urinar, que podem ser ou não com sangue...”. . Penso eu: “como os repórteres escrevem isso, mas até hoje, não vi nenhum perguntar: ‘como são essas dificuldades, o que vocês sentem de verdade? ’”. O que me chama atenção na profissão de repórter, e o que me faz ainda mais querer ser repórter, é a curiosidade sobre determinado assunto. Desvendar e mostrar ao leitor aquela curiosidade que ambos têm. Como jornalista, repórter e portadora de endometriose, eu falo e desvendo o que, até então, ninguém perguntou: Como são as fezes, quais são as tais dificuldades que todo mundo fala, mas ninguém ousou em perguntar? O que deveria ser algo muito simples, para nós, portadoras de endometriose, é uma tortura diária. Primeiro, porque não são todos os dias que conseguimos evacuar, e segundo, tanto o formato e odor das nossas fezes, são bem diferentes de uma mulher que não tem a doença. O pior tudo sem a explicação da medicina. Sim, a endo pode ser a doença mais enigmática que surgiu até hoje. 

No primeiro dia de fisioterapia na UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), logo após a avaliação, deram-me um questionário para eu preencher e, para minha surpresa, adivinha qual era o tema: fezes. No começo até achei esquisito, mas logo depois, a Ana Paula veio me explicar. Participei de uma pesquisa que a UNIFESP- EPM estava fazendo sobre como são as fezes de uma portadora de endometriose. E olha que é tudo é diferente! A começar pelo cheiro. Eu sei que nenhum cocô é cheiroso, mas as nossas fezes são muito mais fétidas, do que as de uma pessoa sem a doença. Até aí, tudo bem, todo cocô fede mesmo! Mas o nosso problema quando falam sobre a tal dificudade, eu digo, e coloca dificuldade nisso, viu. Ficamos horas e horas no banheiro para não fazer quase nada. A dificuldade que todo mundo fala, na real, é que não conseguimos fazer mesmo. Aí, sai só um pouquinho. O pior é que não acreditamos nisso. É uma grande decepção. Mas o pior vem depois de tanto esforço, parece que fica tudo entalado dentro da gente e a sensação é horrível, muito horrível! Só sentindo mesmo. Parece que está tudo ali querendo sair, mas não sai. Elas podem vir acompanhadas de sangue, e também pode arder um pouquinho. É obrigatório ir em um coloproctologista para ver se está com ok. Agora, o pior mesmo é quando estamos em algum lugar, que não dá para fazer, e dá aquela vontade, que não dá para segurar. Você precisa dar um jeito de ir a qualquer lugar. Nesse caso, é a diarréia que vem acompanhada com uma dor na barriga. 

Outro fator que chama a atenção é quanto ao formato das fezes. Sim, quando lemos algo sobre isso, nunca ninguém falou sobre a forma delas. Elas são desformes, pode sair como bolinhas, ou uma tripinha. Raros sãos os momentos que uma portadora de endo vai evacuar, e sai satisfeita. Isso acontecia também em nosso período menstrual, mas como parecia ser ‘efeito ou sintomas’ daqueles dias, nos parecia normal. Portanto, informar é preciso. Algumas mulheres podem ter dor, mas outras apresentam o que chamam de ‘desconforto intestinal’. Beijos com carinho e até dezembro!!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pelve congelada, o que é isso?

Olá, muriaenses!

Quando passei a conhecer um pouco mais sobre a endometriose, muitas palavras, até então, desconhecidas foram agregadas em meu vocabulário. Um termo muito comum que escutamos entre as portadoras é a tal da “pelve congelada.” Confesso que eu também fiquei surpresa quando ouvi, pela primeira vez, esta palavra. A pelve congelada nada mais é do que as aderências entre os órgãos. Aderência? Outra esquisita, não?! Podemos relacionar a aderência como se fosse um chiclete grudado em nosso cabelo, que só sai ao cortar. Antes da minha cirurgia, a minha pelve estava congelada. O termo congelado é usado para designar que os órgãos abdominais (útero, ovários, trompas, intestino, etc) estão todos grudados, colados uns aos outros por uma membrana, o famoso “unidos venceremos”. Quem nunca ouviu esta expressão? As aderências são faixas anormais de tecidos cicatriciais que se formam na pelve. 

Com a pelve congelada, em muitos casos, não dá nem para saber onde começa e onde termina as aderências. O grude dos órgãos não tem tempo certo para acontecer. Depende do grau e dos focos. O certo mesmo é ter todos os órgãos da pelve soltos para que eles deslizem uns sobre os outros. Ter uma pelve congelada é muito perigoso. Durante a ovulação, por exemplo, que, teoricamente, deveria acontecer todos os meses, os ovários não estão livres para realizarem a movimentação necessária para que ocorra a ovulação. A pelve congelada causa muita dor na mulher. Até mesmo para quem tem os focos inativos. Era o meu caso. Mesmo sem ter focos ativos, eu morria de dor, o que foi confirmado pelo Dr. Hélio após a cirurgia. 

Com a pelve congelada, quando há a aderência do intestino, o simples movimento fisiológico natural do órgão durante a progressão de gases e fezes torna-se extremamente doloroso. Imaginem morrer de dor em todas as evacuações, urinas e etc. E, como disse o Dr. Hélio, no meu caso, eu tinha dor simplesmente pelo fato de respirar. Pois, para respirar, é realizamos o movimento abdominal. As aderências dos órgãos também causam muita dor durante a relação sexual. O mal da pelve congelada só pode ser tratado com a cirurgia. Só eu sei o que passei até chegar a minha operação. Mas, para cortar o mal pela raiz mesmo, só a cirurgia por videolaparoscopia. O tecido cicatricial, que causa as aderências, pode ser formado também no processo de cicatrização da cirurgia aberta, ou seja, a laparotomia, o vulgo corte de cesárea. 

Na cirurgia a laser, o risco de voltar é muito pequeno, mas não impossível. Para quem sente muita dor após ter feito a cirurgia é preciso averiguar o que está acontecendo. No meu retorno pós-cirurgia, a primeira pergunta que fiz foi: qual a chance de as aderências voltarem? Ouvi que, pela a de vídeo (que eu fiz) é mais ou menos 5%, enquanto a aberta é quase 80%. Entenderam a diferença? Portanto, conversar com o seu médico e esclarecer todas as dúvidas é muito importante. Aos poucos vou explicando sobre todos os termos esquisitos, que, nós portadoras de endometriose, temos que nos acostumar. Beijos com carinho e até novembro!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Cólica muito forte não é normal!

Atenção, mulheres de Muriaé, a cólica menstrual muito forte pode ser um indício de endometriose!



Pois é, se eu soubesse disso, talvez, não teria passado tão mal nos últimos dez anos da minha vida. É por isso que vou falar sobre a cólica, um dos principais sintomas da endometriose, no meu quinto artigo no Muriaé na Web. Atire a primeira pedra, aquela mulher que nunca teve uma colicazinha se quer. Ok, ter cólica menstrual leve pode até ser normal, mas tudo depende da intensidade de como ela vem. 

O principal sintoma da endometriose é a cólica menstrual muito forte. Digo e repito: cólica menstrual muito forte. É considerada forte, as cólicas que não passam com apenas um analgésico. Pronto! Se você tomar um remédio e não melhorar em nada a sua dor, investiga. 

Eu sempre precisei tomar muitos, muitos remédios, entre eles, o Buscopan Composto, um dos mais fortes para combater a cólica. No começo, o Ponstan até resolvia, mas depois de alguns anos, só o Buscopan aliviava as minhas dores. No auge das minhas dores, eu tomava uns quatro de uma só vez. Na verdade, é preciso ouvir o nosso corpo. Qualquer dor é um sinal de que nosso organismo não está bem. Não adianta entupi-lo de remédios. Uma hora, a analgesia vai parar e a dor, com certeza vai voltar. 

Os meus períodos menstruais sempre foram um tormento em minha vida. Era dores e mais dores, inclusive fora do período menstrual. Outro ponto de quem pode ter endo: a cólica menstrual ela pode vir antes, durante ou após a menstruação.  Só eu sei o que passava. O pior é que eu achava normal e nunca nenhum médico achou estranho. Tinha um ginecologista que me acompanhava há 16 anos. O único que tive na vida. Já até passei com outros, mas só me sentia confortável com o Dr. Carlos. Aliás, foi ele quem começou o meu tratamento de endometriose, quando interrompi a minha menstruação e comecei a tomar anticoncepcional direto, sem intervalos. Não culpo o Dr. Carlos por nada. Ele era como um pai pra mim. Era muito carinhoso e atencioso. Hoje, sei que quem tinha de saber sobre isso era eu. O que passou, já passou. 

Agora, o mais grave foi quando eu fui com a minha ressonância magnética apontando a endo num médico (não era o Dr. Carlos), mas por eu sentir fortes cólicas antes e após a menstruação, o ignorante disse que eu não tinha endometriose. Ele falou: “Você tem dores durante ou fora do período menstrual?”. Respondi: “Nos dois, doutor.”. Em seguida, ele completou: “Então, se você tem dor fora da menstruação, esqueça. Você não tem endometriose. Tire isso da sua cabeça.”. Se você encontrar com um ginecologista igual a esse, saia correndo do consultório. 

Mas, como saber, se a cólica já é algo tão antigo. Se você for ao ginecologista, relatar suas cólicas e ele dizer: “Quando engravidar passa.”. Saia correndo deste médico! Na época de nossas avós, elas pensavam que era. Porém, mero engano. Se hoje, a cólica é a vilã da endometriose, isso significa que ela nunca foi a mocinha da história. Tem como uma vilã ser a mocinha da novela? Não. 

Porque ter cólicas era normal no tempo das nossas avós. Em pleno século XXI, não. Vamos dar um basta à ignorância humana. Não vamos ser marionetes nas mãos desses médicos. É por isso que venho alertar as mulheres de que a cólica menstrual não é tão normal quanto pensávamos. 

Se você tem muita cólica, principalmente, aquela que não melhora com apenas um analgésico, averigue. É melhor descobrir que não tem nada, do que ser surpreendida, cerca de sete a 10 anos depois (tempo médio para o diagnóstico de quem tem endo), que você pode ter a endo severa, com a possibilidade de perder parte ou a totalidade de algum órgão. Mas, atenção: você pode ter essas dores de ‘cólica’, antes, durante ou depois da menstruação.

Fique atenta, porque a cólica da endometriose surge também nos períodos fora da menstruação. A dispareunia, a dor na relação sexual, a meu ver, é uma das piores consequências da endo. É também um dos principais sintomas. Outra que chama a atenção é a alteração do nosso intestino, quando estamos menstruadas, mas isso é assunto para outro post. Mulheres fiquem atentas e prestem atenção no seu corpo!! Se o eu corpo gritar, procure um ginecologista especializado em endo. 

Beijos com carinho e até setembro!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Massagem uroginecológica, o único tratamento para a dispareunia



Olá muriaenses! 

No meu quarto artigo para o Muriaé na Web, vou explicar como é feita a massagem uroginecológica, o único tratamento que melhora a dispareunia. Quem já sentiu um ardor durante a relação sexual? Em especial, durante ou após a penetração? É claro que toda regra tem sua exceção, mas para quem tem esses sintomas, principalente, durante a relação sexual é melhor procurar um especialista. 

Na Unifesp – EPM (Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina), eu descobri que a dispareunia, a dor durante a relação sexual, é mais comum em nós, mulheres, do que a endometriose. Se hoje, a endometriose atinge cerca de 12 milhões de brasileiras, imagina o número das que sentem dor durante o sexo, que tem a dispareunia. E, digo: a dor é horrorosa! Muito, mas muito pior do que as dores causadas pela endometriose. 

Segundo especialistas é dor mais incapacitante que existe. O que fazer para a mulher voltar a ter relações sexuais numa boa? A fisioterapia uroginecológica. O que é isso? Eu também levei um susto quando ouvi qual seria o tratamento que eu teria que fazer. Quando você está com um torcicolo ou com uma tensão no ombro, por exemplo, o que você faz pra melhorar? Massagem, certo!? Então, como o ombro, a vagina também é formada por músculos. Portanto, a massagem uroginecológica nada mais é do que massagear toda a musculadora da vagina, ou seja, todo o assoalho pélvico utilizando os dedos. É isso mesmo, os nódulos de tensão que se formam dentro da vagina têm que ser dissolvidos com os dedos da fisioterapia. Por isso, ela tem o nome de uroginecológica. 

Para realizar a massagem, a mulher fica e posição ginecológica, como se estivesse em um ginecologista. Aí, com as pernas abertas, as fisios começam a massagear toda a muscularura da vagina. Carinhosamente, elas começam a dissolver nódulo por nódulo. Eu fiz questão de dizer ‘carinhosamente’, porque elas fazem com muito amor. Não é fácil ser paciente da massagem uroginecológica, mas também não é fácil fazê-la. O recomendado é no mínimo 10 sessões. Mas, eu estava tão debilitada que estou lá desde outubro de 2009. A minha situação era muito crítica. Não sei se tem outro caso lá igual ao meu. Não era raro, eu chorar durante as sessões. Era muita dor que eu sentia. Mas, as minhas lágrimas, também eram de alívio e por imaginar o quanto nós, seres humanos, não valemos nada. Outro motivo que me fazia chorar é ver o carinho que essas meninas (esse era o apelido carinhoso que as chamavam) tinham por suas pacientes. Eu imaginava? E, se não existisse essa especialidade na fisioterapia? Ah, mas graças a Deus existe! 

Religiosamente, toda quarta-feira, às 15hs, o meu horário, lá estava eu, na Unifesp. Perdi muitos e muitos trabalhos por conta da fisio, pois, como é do SUS (Sistema Único de Saúde) é difícil trocar o horário. Toda semana, os nódulos de tensão estavam lá. Ardia muito.  Eles eram desfeitos numa semana, na outra, lá estavam ele de novo. Um saco! Infelizmente, nenhum convênio médico cobre a fisio uroginecológica. É muito político roubando e que não estão nem aí com a saúde dos brasileiros. Eu falo isso, porque graças à empresa da minha mãe, eu tenho um bom convênio. Mas nenhum plano cobre a tal fisio. É uma palhaçada isso. No começo, eu não me conformava. Ainda mais eu, que precisava trabalhar.  

A massagem uroginecológica, eu fiz até fevereiro de 2011. Depois, como eu não estava tendo relações, elas começaram a dissolver os nódulos de tensão de todo o meu corpo, músculo por músculo. Nossa, uma loucura! Ainda não sei se estou completamente recuperada, mas guardo todas as fisioterapeutas com muito carinho. Passei por umas cinco, sem contar as coordenadoras, que me tratavam nos períodos das férias. 

Se alguém sente esses sintomas: dor durante ou após a peneração e ardor, é preciso procurar urgentemente um tratamento. Na Unifesp, o carinho é tão grande que não parece que é SUS, é como se fosse uma consulta particular. No próximo artigo, eu vou falar mais sobre a dispareunia e o tratamento. Como eu comecei a trabalhar, graças a Deus, eu estou mais ausente tanto do blog, quanto do site. Só para vocês entenderem o quanto esse trabalho é importante, pois, fiquei quase dois anos sem um só vivendo em função da endo, da dispareunia, da fisio, eu parei até a minha fisioterapia na Unifesp. Estou esperando vagar um horário mais cedo, pois, não posso perder a oportunidade de ótimo trabalho. 

Beijos com carinho!

sábado, 25 de junho de 2011

Dispareunia, você sabe o que é isso?

No meu terceiro artigo para o site, eu vou falar sobre a dispareunia. Noooossa, o que significa isso? Eu também estranhei a primeira vez que ouvi essa palavra no ambulatório de algia pélvica e endometriose da UNIFESP-EPM (Universidade Federal de São Paulo ? Escola Paulista de Medicina). Por isso, eu digo: é muito importante as portadoras fazerem tratamento com um ginecologista especializado na doença. Eu já sabia que tinha endometriose há pelo menos oito meses e já estava em tratamento quando ouvi a seguinte pergunta de um ginecologista da UNIFESP: Você tem dor durante as relações sexuais?.

Confesso que achei um pouco estranha, mas a minha resposta foi automática: sim e muita, aliás, quer dizer, faz um tempo que não tenho relações, porque não tenho vontade de transar. A dispareunia nada mais é do que sentir dor durante as relações sexuais. E digo: dói, dói, dói muito. É impossível ter ou continuar a relação por conta da incapacitante dor. Além de muito intensa, é uma dor ardida, como se você tivesse uma ferida enorme em carne viva e jogasse a mistura de sal e limão. Mas ai você multiplica a dor dez mil vezes maior. Imediatamente, o Dr. Rodrigo me encaminhou a fisioterapia para que as profissionais avaliassem o meu assoalho pélvico. Nooossa, outra palavra esquisita. Aí, eu perguntei: O que é isso doutor, assoalho pélvico. O assoalho pélvico é toda a musculatura da vagina. A endometriose além das dores pélvicas causa também a dispareunia, ou seja, a dor durante as relações sexuais, porque a doença enrijece os músculos, disse o médico.

Até então, eu não imaginava o quanto a doença é perigosa. E nunca havia ligado os fatos: a dor e a não vontade de transar com a endo. Na semana seguinte, lá fui eu toda feliz para a avaliação com a fisioterapeuta. Na verdade, eu ainda não sabia o quão grave e perigosa é a endo. Fui atentida pela Dra. Thais. Eu ainda tímida, não sabia o que me esperava. Muito simpática, a Dra, explicou como seria a avalição. Com o meu dedo, eu vou avaliar toda a musculatura da sua vagina para ver se há algum tensão, explicou. Quando Thais encostou o seu dedo logo no começo da minha vagina, no intróito, eu quase morri de tanta dor. Eu não sabia se eu gritava, ou se eu chorava. Foi horrível.

Diagnóstico: dispareunia de profundidade, ou seja, a mais avançada das dispareunias. Nesse estágio, a musculatura de toda a vagina foi afetada pelas tensões. A partir daí, começou o capítulo mais dolorido da minha vida e a minha luta em difundir a dispareunia e a endometriose. Thais marcou dez sessões de fisio uroginecológica. Como sexo sempre foi um tabu em nossa sociedade, o preconceito quanto à fisioterapia vem da própria portadora. Quando eu falo sobre a doença às pessoas, a maioria não conhece e, quando sabem do que se trata, acham que a infertilidade é a pior consequência da endo.

A meu ver, a dispareunia é sem dúvida, a pior dor e uma das piores consequências da endometriose. É aquilo que sempre falei: Como a mulher pode pensar em ter filhos, se ela não consegue transar e, pior ainda, se ela não consegue ter prazer no sexo?.

Esse artigo não é somente para as portadoras de endometriose, mas, principalmente, aos seus parceiros. Muitos não entendem suas mulheres e acabam forçando-as a fazerem sexo. Isso além de ser um estupro, piora ainda mais a situação da portadora. Na UNIFESP, eu ouvi muitas histórias tristes, desde o marido que forçou a mulher ao sexo, até aquele que levou a amante para casa, só para mostrar a mulher o que é e como se faz sexo. O importante é ter um parceiro compreensivo. Eu, graças a Deus, tenho um meu namorado maravilhoso e que nunca me cobrou nada. Nem mesmo antes de saber que eu estava doente. Sei que existem muitos outros como ele. No próximo artigo, eu vou explicar como é a fisioterapia uroginecológica ...